JORGE MENDONÇA Ex-meia do Náutico, Palmeiras e Guarani Compartilhe:

Gênios da bola

JORGE MENDONÇA Ex-meia do Náutico, Palmeiras e Guarani Compartilhe:

 


por Rogério Micheletti, Gustavo Grohmann e Raphael Cavaco

Jorge Pinto Mendonça, o ex-craque Jorge Mendonça, morreu no dia 17 de fevereiro de 2006, no hospital Mário Gatti, em Campinas, vítima de infarte.

Ele trabalhava nas categorias de base do Guarani como coordenador do Projeto Bugrinho.

Jorge Mendonça perdeu muita coisa com sua vida irregular. De imóveis em Recife, outros tantos em São Paulo e Rio, carros, telefones e, principalmente, o carinho da mulher e dos filhos Fabiana, Christiana e Jorge Júnior. Uma pena!

Nascido no dia 6 de junho de 1954, em Silva Jardim (RJ), ele começou a carreira no Bangu, em 1972. Pelo clube de Moça Bonita, o oportunista e habilidoso atacante marcou 23 gols. Mas em 1973 foi negociado para o Náutico (PE), time que também brilhou e foi o principal goleador do estadual de 1974. Balançou as redes 24 vezes.

Em 1976, Jorge Mendonça teve seu passe comprado pelo Palmeiras. No alviverde de Palestra Itália, o meia chegou a ter como companhia, por pouco tempo, o craque Ademir da Guia. Ao lado do Divino, Jorge Mendonça ajudou o Verdão a conquistar o Paulistão de 1976, inclusive fazendo o gol do título na final.

Pelo alviverde, atuou em 217 partidas (113 vitórias, 62 empates, 42 derrotas) e marcou 102 gols (fonte - Almanaque do Palmeiras: Celso Unzelte e Mário Sérgio Venditti).


Depois de três bons anos no Palmeiras, Jorge Mendonça se tornou um andarilho do futebol. Jogou no Vasco (1980), Guarani (1980 a 1982), Ponte Preta (1983 a 1985), Cruzeiro (1985), Rio Branco-ES (1986), no extinto Colorado (1987 a 1989) e por fim no Paulista de Jundiaí (1989 a 1990). Na passagem pela equipe bugrina, foi artilheiro do Campeonato Paulista de 1981, com 38 gols.

Suas boas atuações lhe renderam vaga na Seleção Brasileira. No início de 1978, participou de alguns amistosos e foi chamado pelo técnico Cláudio Coutinho para disputar a Copa da Argentina. Jorge Mendonça começou como reserva de Zico, mas acabou terminando a competição como titular.

No Mundial, ele ainda protagonizou uma cena inusitada. O treinador o chamou para substituir o Galinho, no jogo contra a Espanha, e passou quase o segundo tempo todo em aquecimento na beira do gramado. Só entrou a 7 minutos do fim.

Pelo escrete canarinho, atuou em 11 partidas (7 vitórias e 4 empates) e marcou dois gols.
 
Ficha técnica

Nome: Jorge Pinto Mendonça
Posição: atacante
Altura/peso: 1,77m/78kg
Artilharia: Campeonato Pernambucano de 1974 (24 gols - Náutico) e Campeonato Paulista de 1981 (38 gols - Guarani.)
Títulos: Campeonato Pernambucano de 1974 (Náutico), Campeonato Paulista de 1976 (Palmeiras) e Taça de Prata de 1980 (Guarani)
Times: Bangu, Náutico, Palmeiras, Vasco, Guarani, Ponte Preta, Cruzeiro, Rio Branco-ES, Colorado e Paulista de Jundiaí.
Seleção: 11 jogos, 7 vitórias, 4 empates, dois gols.
 
Em 5 de agosto de 1981, no estádio Moisés Lucarelli, Ponte Preta e Guarani protagonizaram um dos jogos mais emocionantes da história de Campinas. Confira, com a bela narração de Luciano do Valle:

No dia 20 de outubro de 2017, o portal UOL publicou uma de suas matérias especiais sobre Jorge Mendonça e você pode conferir aqui abaixo:

"A angústia de Jorge Mendonça"

Meia da seleção de 1978 deixou Zico no banco, mas perdeu o jogo para o alcoolismo

BRUNO DORO E VANDERLEI LIMA
DO UOL, EM SÃO PAULO

Jorge Mendonça colocou Zico na reserva na Copa do Mundo de 1978. Em uma mesma edição do Campeonato Paulista, só marcou menos gols do que Pelé e Feitiço, o lendário centroavante do Santos da década de 1930. Chegou a marcar oito gols em uma partida, quando jogava pelo Náutico, em 1974.

Mesmo com esse currículo, Jorge Mendonça foi abandonado. Foi abandonado pelo futebol quando estava se aposentando. Foi abandonado pela força de vontade quando não conseguiu enfrentar o alcoolismo e a depressão. Foi abandonado pelos seus clubes. E, pouco antes de sua morte, sua família também sofreu críticas por tê-lo abandonado. Seus filhos, porém, negam que isso tenha ocorrido.

Este é o relato do martírio dos últimos anos de Jorge Mendonça.

A morte que veio em um sonho

Eu tive um sonho muito ruim com o meu pai. Ele me pedia água e morria nos meus braços. O sonho me deixou pensando e liguei para o meu pai. Ele não me atendia. Fui até a casa dele. “Pai, eu tive um sonho muito ruim. Vamos no médico”. Ele não queria ir. Dizia que estava bem.

Ele vinha de uma festa, estava meio alterado. Então, eu apelei: “Pai, olha o seu neto. Você não quer ver o seu neto crescer?” Ele pegou o meu filho. “Dá o meu neto aqui. Aliás, neto não. Vem aqui com o titio, porque eu sou muito novo para ser avô”.

Eu voltei a insistir na visita ao médico, mas ele respondeu: “Se eu morrer hoje, eu morro feliz. Conheci todos os lugares, tive todas as mulheres e fiz tudo o que eu quis. Mas eu não vou morrer agora porque eu vou ensinar o meu neto a jogar futebol”.

Foi a última vez que conversamos. Ele não foi, mesmo, ao médico. Aconteceu alguns dias antes da morte de verdade. E ele morreu nos braços da minha tia Roseane.

Fabiana Dantas Mendonça, 40 anos, filha de Jorge Mendonça

O abandono que não aconteceu

Jorge Mendonça morreu no dia 17 de fevereiro de 2006, aos 51 anos. Nos 15 anos entre o fim da carreira e o fim da vida, sua família sofreu com histórias sobre um abandono que, segundo seus filhos, nunca ocorreu.

“Essa era uma questão muito explorada. No último Dia dos Pais dele, em agosto de 2005, vimos uma reportagem que dizia que ele ficou sozinho, abandonado pela família. Eu olhava aquilo e ficava inconformada. Eu tenho uma foto dele abraçando a minha barriga. Eu estava grávida do meu filho Rafael. A gente estava em família, na casa do meu avô. Como uma pessoa tem a ousadia de falar e escrever uma coisa dessa? Uma maldade dessa?”, questiona Fabiana.

Os relatos, porém, têm origem na relação conturbada da família com Jorge Mendonça nas noites de bebedeira. Cristiano Mendonça, 41 anos, um dos três filhos, foi o que mais sofreu com isso. E tem muitas histórias tristes sobre o período.

"Teve dia em que eu estava trabalhando e recebia uma ligação: "Corre que o seu pai está aqui e quer bater na sua mãe". Eu chegava em casa correndo, tirava ele de cima dela. Não foi fácil. E ainda tem de ouvir agora que a família o abandonou?
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Cristiano, lembrando do pai, que ficava violento quando bebia

"Chegou uma hora em que a família... Pôxa, não dava mais para ficar dando murro na ponta de faca. A minha mãe era jovem, ela tinha muita coisa para viver ainda. Eu tenho a minha família, a minha vida... Claro, eu procurei ajudá-lo, mas aquele foco que você põe naquele assunto começa a pesar
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Cristiano, sobre o que levou a família a colocar limites na relação

"A minha mãe fazia questão de ir junto com os filhos nas internações. Muitas mulheres que tivessem passado por 5% do que minha mãe passou já teriam o largado. Minha mãe aguentou firme por muito tempo. Mesmo sabendo de tudo. Mesmo sendo humilhada e ofendida diariamente
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Cristiano, sobre as agruras pelas quais a mãe passou no casamento

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