Nilton Batata… o “Zé da Galera” tinha razão

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Nilton Batata… o “Zé da Galera” tinha razão

 



O futebol alegre e objetivo dos “pontas” foi morrendo na geração de Nilton Batata, marcante ponteiro direito que fez grande sucesso com a camisa do Santos e da Seleção Brasileira nos anos 70.

E por falar em “pontas”, antes da Copa do Mundo da Espanha em 1982, o humorista Jô Soares interpretava um simpático personagem em seu programa de humor “Viva o Gordo”, uma atração de grande audiência apresentada semanalmente pela Rede Globo de Televisão.

Com um palito de dentes no canto da boca, um chapeuzinho branco e uma camisa canarinho, Jô Soares deixava de lado sua paixão pelo Fluminense para viver um fanático torcedor chamado “Zé da Galera”.


Sempre de um orelhão, “Zé da Galera” telefonava regularmente para o técnico Telê Santana e manifestava seu descontentamento com o esquema tático da Seleção Brasileira.

Depois de uma conversa acalorada, o irritado “Zé da Galera” completava sua indignação com uma pequena frase que ganhou popularidade em todo o Brasil: “Bota ponta na seleção Telê”.

O “Zé da galera”. Foto de Marco Antônio Cavalcanti. Crédito: revista Placar – 2 de junho de 1986.

Crédito: albumefigurinhas.no.comunidades.net.

Nilton Pinheiro da Silva, mais conhecido como Nilton Batata, nasceu no município de Londrina (PR), em 5 de novembro de 1954.

*Algumas fontes registram sua data de nascimento em 5 de janeiro de 1954.

Nilton Batata começou sua trajetória nas categorias amadoras do Clube Atlético Paranaense em 1971, clube onde também assinou seu primeiro compromisso profissional.

Conforme reportagem publicada pela revista Placar em 18 de maio de 1979, no Atlético Paranaense Nilton Batata fazia de tudo para imitar o bailado do lendário Garrincha.

Também ignorando os apelos do “Zé da Galera”, o técnico Valdemar Carabina sufocou o talento de Nilton Batata. O ponteiro direito só voltou a driblar com seu costumeiro entusiasmo ao ser negociado com o Santos no findar de 1976.

Crédito: revista Placar.

Clássico entre Portuguesa de Desportos e Santos no Pacaembu. Nilton Batata briga pelo alto com Mendes e Bolívar. Foto de Lemyr Martins. Crédito: revista Placar – 4 de março de 1977.

Quando aquele rapazinho de franjinha no cabelo chegou na Vila Belmiro em 1977, ninguém imaginou o quanto seu estilo atrevido seria determinante no time que mais tarde ficou conhecido como “Os Meninos da Vila”.

E o técnico Chico Formiga não titubeou em apostar no talento da jovem linha de ataque, que até hoje é lembrada com carinho pelos torcedores: Nilton Batata, Aílton Lira, Juary, Pita e João Paulo.

Em pouco tempo, o grande assunto dos críticos era o futebol alegre do time do Santos. Assediado pela imprensa, Chico Formiga procurava explicar o contagiante sucesso da garotada:

– É só deixar a turminha jogar. Se ficar fazendo muito desenho tático no quadro negro eles se confundem!

Jogando de forma vistosa, os “Meninos da Vila” atordoavam qualquer sistema defensivo, pouco preparados para deter deslocamentos em grande velocidade.

Foto de Ronaldo Kotscho. Crédito: revista Placar – 18 de maio de 1979.

Crédito: revista Placar.

Essa ousadia do visionário Formiga foi premiada com a conquista do título paulista de 1978, o primeiro depois da despedida oficial de Pelé em 1974.

O campeonato paulista de 1978 foi decidido em 3 partidas entre Santos e São Paulo, competição que só foi finalizada em julho de 1979.

Com uma vitória santista na primeira partida por 2×1 e um empate na segunda partida por 1×1, o terceiro confronto foi vencido pelo São Paulo por 2×0. Com o empate em 0x0 na prorrogação, o Santos foi beneficiado pelo regulamento e ficou com o caneco de 1978.

28 de junho de 1979 – campeonato paulista fase final – Santos 0x2 São Paulo – Estádio Morumbi – Árbitro: João Leopoldo Ayeta – Gols: Zé Sérgio aos 26′ do primeiro tempo e Getúlio aos 5′ do segundo tempo – Expulsão: Aírton (São Paulo). 

Santos: Flávio; Nelsinho Baptista, Antônio Carlos, Neto (Fernando) e Gilberto; Zé Carlos, Toninho Vieira e Pita (Rubens Feijão); Nilton Batata, Juary e Claudinho. Técnico: Formiga. São Paulo: Waldir Peres; Getúlio, Tecão, Bezerra e Aírton; Chicão, Muricy Ramalho e Dario Pereyra (Tadei); Viana (Edu), Neca e Zé Sérgio. Técnico: Rubens Minelli.

Foto de Ronaldo Kotscho. Crédito: revista Placar – 18 de maio de 1979.

Foram 16 semanas de votação para os leitores da revista Placar. No final da apuração, o atacante santista foi eleito o craque mais sexy do Brasil. Foto de JB Scalco. Crédito: revista Placar – 4 de julho de 1980.

Convocado pelo técnico Cláudio Coutinho, Nilton Batata fez sua primeira participação com a camisa canarinho em 17 de maio de 1979, no amistoso contra o Paraguai no Maracanã.

Conforme publicado pelo livro “Seleção Brasileira 1914-2006”, dos autores Antônio Carlos Napoleão e Roberto Assaf, o Brasil venceu o duelo por 6×0, com 2 gols de Nilton Batata, que ainda ofereceu ao público uma grande exibição.

Mesmo com boas apresentações pelo escrete, Nilton Batata não foi mais lembrado nas convocações seguintes.

Ao deixar o Santos em 1981, Nilton Batata foi jogar no Toluca (México). Em seguida defendeu o América, lá permanecendo até o findar de 1983.

Nilton Batata encerrou a carreira em 1988, como jogador no Fort Lauderdale dos Estados Unidos.

Clássico entre Corinthians e Santos no Morumbi. Nilton Batata e Wladimir em mais um duelo de habilidade. Crédito: revista Placar.

Foto de Ronaldo Kotscho. Crédito: revista Placar – 22 de agosto de 1980.

Créditos de imagens e informações para a criação do texto: revista Placar (por Carlos Maranhão, Fábio Rocco Sormani, JB Scalco, José Maria de Aquino, José Pinto, Lemyr Martins, Marco Antônio Cavalcanti, Mílton Ivan, Roberto José da Silva, Ronaldo Kotscho e Sérgio Martins), revista Manchete, revista Manchete Esportiva, Jornal A Gazeta Esportiva, Jornal da Tarde, gazetaesportiva.netacervosantosfc.com, campeoesdofutebol.com.br, site do Milton Neves, Livro: Seleção Brasileira 1914-2006 – Antônio Carlos Napoleão e Roberto Assaf, albumefigurinhas.no.comunidades.net.

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